O Globo-: 29/07/2011
Adolescentes abusam das guloseimas Apesar da busca das adolescentes pelo corpo perfeito ultrapassar, muitas vezes, os limites do saudável, são elas as brasileiras que mais consomem gorduras saturadas e açúcar. A Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, divulgada pelo IBGE ontem, mostra que 90% das meninas entre 14 a 18 anos comem mais gordura do que deveriam diariamente e 83% abusam do açúcar. — Isso é um paradoxo que mostra o mundo em que vivemos e um grande desafio para quem trabalha com saúde no Brasil. Comer hoje é fácil e os adolescentes são ansiosos, precisam de agilidade — diz Joana de Vilhena Novaes, coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza da PUC-Rio. São os adolescentes os maiores consumidores de biscoitos, linguiças, salsichas, mortadelas, sanduíches e salgados. Eles também são os que menos comem feijão, saladas e verduras, ingredientes integrantes de uma dieta saudável. No copo, muitos sucos, refrescos e refrigerantes — todas bebidas com a adição de açúcar. Segundo o IBGE, os adolescentes são o grupo que mais preocupa quanto ao sobrepeso e à obesidade hoje no país. — É preciso lembrar também que a maioria deles é sedentária, movimenta-se muito menos do que há alguns anos — destaca Joana. Os meninos entre 14 e 18 anos são os que mais ingerem energia por dia, uma média de 2.289kcal. São eles que mais ultrapassam a ingestão recomendada de sódio, reflexo do abuso de sal, que é de 2.300mg por dia. Outra preocupação que surgiu na pesquisa foi a baixa ingestão de cálcio e fibras. Importante na prevenção de doenças como osteoporose, o cálcio teve consumo abaixo do recomendado (1.100mg por dia) por 97,3% das meninas de 14 a 18 anos. Já a fibra ingerida diariamente ficou abaixo do esperado (12,5g por dia) na alimentação de 86% das adolescentes dessa mesma faixa etária. Para o técnico da pesquisa, André Martins, a adequação da dieta dos adolescentes para a formação de uma população adulta e idosa saudável nos próximos anos passa por uma questão de mudança de hábitos: — Na prática, é preciso rever os alimentos ingeridos. O problema não é a falta de alimentos, mas de escolhas inadequadas. |